quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Inverdades

Não sei por que as pessoas adesivam os carros com frases toscas. Aliás, não sei por que adesivam. Mas o que me incomoda realmente são as frases. Aquelas coisas brilhantes do tipo: “A força da tua inveja é a velocidade do meu sucesso” (Ainda mais quando está em um carro popular dos anos 1990); “Quem me vê assim não sabe pelo que passei” (Sei sim. Estou te seguindo desde que saiu de casa); e a famosa: “Foi Deus que me deu” (Mesquinho).
Hoje li uma que me chamou a atenção. Olha que preciosidade: “muitos sonham com o sucesso. Eu acordo cedo e trabalho muito para alcança-lo”. Essa é a clara ilusão capitalista de que o sucesso, sempre associado ao dinheiro, vem com muito esforço e trabalho. É a lógica que não faz sentido. Nem acordar cedo garante ascensão, nem acordar tarde a elimina. Nem mesmo um desses hábitos está mais próximo do sucesso do que o outro.
O capitalismo permite o enriquecimento de um em milhões para que a esperança não morra e você continue trabalhando duro, trazendo muito dinheiro para seu patrão. E esse um ocorre das formas mais variadas e até absurdas. Crie uma música com rimas fáceis e velhos preconceitos pra ver. Conheço gente extremamente empreendedora, corajosa, com ótimos conhecimentos administrativos, econômicos e de mercado, que já tentaram várias e várias coisas e não dão certo.
É a velha ideia de que quem tem muito trabalhou muito também. Inverdades! Uma prova disso é a matéria da Carta Capital, que você pode conferir aqui, de junho de 2013, sobre a ilegalidade dos documentos de posse de terra no Brasil. “Ilusão de ilusão, diz o sábio, tudo é ilusão”.

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