Não sei por que as
pessoas adesivam os carros com frases toscas. Aliás, não sei por que adesivam. Mas
o que me incomoda realmente são as frases. Aquelas coisas brilhantes do tipo: “A
força da tua inveja é a velocidade do meu sucesso” (Ainda mais quando está em
um carro popular dos anos 1990); “Quem me vê assim não sabe pelo que passei”
(Sei sim. Estou te seguindo desde que saiu de casa); e a famosa: “Foi Deus que
me deu” (Mesquinho).
Hoje li uma que me
chamou a atenção. Olha que preciosidade: “muitos sonham com o sucesso. Eu
acordo cedo e trabalho muito para alcança-lo”. Essa é a clara ilusão
capitalista de que o sucesso, sempre associado ao dinheiro, vem com muito
esforço e trabalho. É a lógica que não faz sentido. Nem acordar cedo garante ascensão,
nem acordar tarde a elimina. Nem mesmo um desses hábitos está mais próximo do
sucesso do que o outro.
O capitalismo permite o
enriquecimento de um em milhões para que a esperança não morra e você continue
trabalhando duro, trazendo muito dinheiro para seu patrão. E esse um ocorre das
formas mais variadas e até absurdas. Crie uma música com rimas fáceis e velhos
preconceitos pra ver. Conheço gente extremamente empreendedora, corajosa, com
ótimos conhecimentos administrativos, econômicos e de mercado, que já tentaram
várias e várias coisas e não dão certo.
É a velha ideia de que
quem tem muito trabalhou muito também. Inverdades! Uma prova disso é a matéria
da Carta Capital, que você pode conferir aqui, de junho de 2013, sobre a
ilegalidade dos documentos de posse de terra no Brasil. “Ilusão de ilusão, diz
o sábio, tudo é ilusão”.
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