Gostaria de fazer um mestrado. Se o
fizesse, falaria sobre democracia, ou sobre suas dificuldades. Minha reflexão
seria estudando um fenômeno autoritário que vivemos. Eu o chamo de “ditadura do
pensamento único”.
Quando fazemos parte de um grupo,
pequeno ou grande, somos influenciados por ele. Acatamos ideias, ideais e atos.
E o mais grave: se discordamos, podemos ser excluídos. Um exemplo é a religião.
Experimenta ser um cristão praticante (católico, evangélico, etc) e dizer que o
Éden é um conto. Fala que é evolucionista. No mínimo vai travar uma longa discussão
e ganhar alguns rótulos como “herege”. Não vou falar de outras religiões, pois como
as conheço pouco, posso ser preconceituoso e injusto na análise.
O mesmo acontece em grupos de
punks, skatistas, nerds, cientistas, ambientalistas (aliás, quer deixar um
ambientalista doido? Diz que não acredita no aquecimento global), entre outros.
Um ponto a ser analisado nesse fenômeno é: como o grupo e/ou o pensamento são
formados? Normalmente, mas não necessariamente, com um líder. Na falta de um
pensador, surgem através de um conjunto de normas éticas, morais ou ideológicas.
Daí passa a existir a “ditadura do pensamento único” em pequena escala e de acordo com
suas preferências (também não necessariamente. Estou resumindo para manter meu
propósito de textos pequenos. Esse já está grande, mas aguenta firme que está
acabando).
Como esse fenômeno interfere no
sistema democrático em grande escala? O filósofo canadense Marshall McLuhan
criou o termo “Aldeia Global”. Nela, a população mundial passaria a viver como
em uma aldeia. O que acontece com um, choca, interfere e até transforma a vida
do outro. Isso só está se tornando real graças às novas tecnologias e o
encurtamento das distâncias. Nesse caso, é muito mais fácil inserir um
pensamento único. O principal difusor do pensamento único é a grande imprensa,
que serve um só senhor: o lucro.
No mundo, há pouquíssimas empresas
dominando o mercado da comunicação. São oligopólios que tendem a piorar com o
tempo. E divulgam praticamente a mesma ideia. Quem discorda, não está qualificado,
não é informado, não é inteligente, não está antenado e pode ser excluído da
aldeia. Só um exemplo para terminar: se alguém disser que Cuba, Venezuela,
Bolívia e até mesmo o Brasil estão trilhando o caminho da democracia
provavelmente passará por um linchamento “intelectual”, mesmo mostrando dados
para isso.
Mas a imprensa é o difusor. Não é o
líder, nem criou um conjunto de norma. Nem mesmo deixa isso explicito (claro!).
Deixo em aberto a partir de agora ...
Assista um vídeo do jornalista e escritor Eduardo Galeano falando sobre a "ditadura do medo" clicando aqui.